Fevereiro 2022 – Maio 2022
Essa minha letra: Lima Barreto e os modernismos negros
“A minha letra é um bilhete de loteria. Às vezes ela me dá muito, outras vezes tira-me os últimos tostões da minha inteligência …”
Publicada na Gazeta da Tarde de 28 de junho de 1911, a observação de Lima Barreto sintetiza seu perfil irônico, militante, autobiográfico e moderno.
Carioca de Todos os Santos, o escritor incluía nos seus textos termos do povo, citações, personagens que encontrava nas ruas do Rio ou nos subúrbios. Denunciava mazelas e consequências da escravidão, o racismo persistente e insidioso do Brasil, as manias estrangeiradas e a República que prometera inclusão, mas entregara exclusão social.
O literato não seria convidado para a festa modernista paulistana de 1922, mas foi, sim, chamado para resenhar Klaxon – a revista do grupo. Implicou com o título, não gostou da “mania” vanguardista e chamou os editores de “futuristas”. Já a Klaxon publicou uma resposta desfazendo do autor carioca e jogando-o no limbo literário dos pré-modernos.
Lima morreu em novembro de 1922. Foi visto pela última vez em setembro, cobrindo as celebrações da Independência, de que também não gostou – uma “patriotada festiva”, escreveu.
Nesta exposição, 21 artistas releem Lima Barreto, inspirados por textos seus, aos quais se soma a capa da moderníssima revista Floreal, que ele fundou em 1911. Neste nosso 2022 cheio de desafios e promessas, é importante revisitar, à luz da arte contemporânea, esse grande escritor carioca e negro, também ele um modernista e intérprete do Brasil.
Curadoria: Julio Ludemir / Lilia Schwarcz / Jaime Lauriano / Pedro Meira Monteiro
Projeto Expográfico – Gisele de Paula
Assistente: Iolaos Coelho